sexta-feira, 30 de maio de 2008

crua

eu pensei que estava claro o quanto eu gostava de você. ou pelo menos subententido. achei que você perceberia que eu apenas precisava de um convite direto. tantas conversas, tantas provocações. e depois, o seu namoro. com outra pessoa. nem eu entendo porque me abalei tanto. não pensava gostar desse jeito de você. eu mesma já pensei que era só dor da perda, de não ter conseguido. mas, se fosse assim, será que eu ia lembrar de você todos os dias várias vezes e por motivos tão bobos? eu não quero viver assim. eu quero que você seja feliz. eu quero um beijo seu. eu quero um dia romântico com você. só isso. não, estou mentindo. acho que só isso iria alimentar ainda mais minha vontade de estar contigo. o que eu faço? como me livro disso? por que você não me avisou? seria tão mais simples! eu não quero desistir. eu não sei o que fazer. eu preciso de alguma coisa, mas eu nem sei o que é. estou perdida.

sábado, 24 de maio de 2008

Reveillón 2008. Beira-Mar Norte. Depois de todo o foguetório, depois de todos os brindes, depois de todos os beijos, ela disse a ele, em uma declaração: 'E de te amar assim, muito e amiúde/ É que um dia em teu corpo de repente/ Hei de morrer de amar mais do que pude'. E ele: 'Isso quer dizer que tu me ama muito?'

Panaca.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Georges abanou um adeus com mão lassa. Na esquerda segurava o Neruda que lhe pertencia e alguns discos antigos, que só nós tínhamos ouvido falar. Permaneci colada à soleira da porta, em parte dela, sustentando o corpo e a casa, para que tudo não virasse ruína. Desejava ser dramática, chorar alto, gritar maldições, mas com ele eu não conseguiria fingir. Por isso fui sólida.
Georges tinha beijado meu rosto com delicadeza antes de afastar-se. Meu rosto mudo de susto. A pele quase-cadáver, um quase velório, porque o que acontecia era, enfim, uma partida. E se não o perdia, porque meus poros sussuravam as letras do seu nome, perdia-me a mim, que ia guardada em em bolso de camisa, a que havia dobrado e colocado no fundo da bolsa de viagem.
Georges olhou-me uma última bez. Beijou-me a boca com sofreguidão, tocou meu corpo inteiro, colou-se nas minhas entranhas, morrendo comigo mais uma vez, gritando. A última vez. Só com os olhos, que fecharam-se como a tampa de caixa em adormecem as fotografias amarelas.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Disposições Finais

Eu sempre lhe dei tudo o que vc me pediu, inclusive o tempo que vc julgou necessário para pensar e decidir sobre a sua/nossa vida. Eu confiei quando vc disse 'em breve te ligo com uma posição'. E vc, salvo aquela noite de catorze de março - em que vc me telefonou completamente confuso, pra me contar que tinha ido a um 'bruxo' e que, pelas coisas que ele havia lhe dito, talvez eu fosse a pessoa certa pra ti e que tu gostava muito de mim e não sabia o quê fazer e bla-bla-blá - nunca ligou. Eu respeitei o seu espaço e temi o silêncio que ecoava entre nós e que, indubitavelmente, soava a incerteza. Eu não telefonei, por julgar que não tinha esse direito. Eu percebi que talvez, afinal, vc tivesse decidido ficar com ela e, por alguma razão, não iria me contar. Sabe-se lá se era porque vc não tinha a coragem necessária ou se simplesmente me deixar na 'reserva' era mais conveniente pra vc. Não importam quais foram as suas razões, eu nunca desrespeitei a sua autonomia e liberdade, e esperei que vc viesse falar comigo. E um dia vc veio.

Chegou como quem não quer nada, fez uns agrados à (?)cunhada, umas perguntas a meu respeito, e pediu que ela me mandasse um beijo. Nos encontramos mais tarde, naquele mesmo dia, e tivemos uma conversa meio extensa. Vc me disse que estava com saudades minhas e triste e eu - ingenuamente - me preocupei. Realmente não é necessário que eu relate todo o diálogo que se passou, pois vc participou dele, mas não custa nada lembrá-lo que, naquela tarde de dezenove de abril, eu ouvi/li da tua parte que a palavra que definia os teus sentimentos por mim era 'amor', com letras garrafais; que nós realmente precisávamos nos ver e que eu deveria 'aparecer' em breve se quisesse; que vc estava sem namorada; que o seu primo Louis Arthur estaria se mudando pra Fortaleza e que, se eu aceitasse ser a 'prima nova', nós iríamos visitá-lo em breve. Desnecessário dizer que eu fui dormir com coraçõezinhos nos olhos.

O engraçado (?) é que, quando nos falamos ao telefone, nada fez sentido. Vc me tratou pel nome completo (uhr), não podia me receber e, de repente, não sabia de onde eu havia tirado a idéia de que vc estava solteiro. Acontece que, além de eu ter uma memória praticamente fotográfica, tudo o que tem alguma coisa a ver com a gente eu salvo/salvava no meu pendrive. Simplesmente não há como vc negar o que disse. Então, eu tive que confrontá-lo. E, pela primeira vez na nossa história, vc levantou a voz pra mim, e nós brigamos. E acho que eu finalmente entendi.

Num simples gesto incalculado seu, vc me deu todas as respostas que se esforçava tanto para ocultar, e eu lamento. Lamento mesmo, de verdade. Que vc não o tenha feito por sua livre e espontânea vontade. Teria nos poupado de tanto sofrimento e dor, teríamos perdido tão menos tempo. Me desculpe se, de alguma maneira, eu fui desagradável ou desnecessária, ou atrapalhei o seu novo relacionamento de algum modo. Se eu o fiz, foi por desconhecer todos os fatores e não poder montar um quadro real do que estava acontecendo. Eu fiz o que eu considerei melhor, baseando-me nas poucas informações que eu tinha. Vc me conhece e sabe que, se eu soubesse previamente o que estava acontecendo, eu não me intrometeria. E não vou me intrometer mais.

Eu sempre te disse que eu precisava entender para aceitar. Pois bem, eu entendi. Eu tirei as nossas fotos do meu mural, da minha agenda e do fundo da minha gaveta de lingeries. Removi todas as alusões que havia a vc no meu perfil e no meu blog, e a nossa foto não faz mais parte do meu álbum. Modifiquei meu estado civil para 'solteira' e, assim que vier a coragem, vou me despedir dos nossos amigos em comum; pelo menos por hora. Fazer tudo isso está simplesmente me dilacerando por dentro, mas são coisas que eu preciso fazer, para poder prosseguir. Por favor, não se preocupe comigo, essa jamais foi a minha intenção. Eu espero, de coração, que dê tudo certo pra vc, pois eu te amo e quero vê-lo feliz. E, se vc acha que a sua felicidade não é ao meu lado, o que eu posso fazer? É melhor deixá-lo ir.

Quando vier a Porto Alegre, por favor, entre em contato. Nós, com certeza, ainda podemos ser amigos. E, se um dia essa porcaria de amor passar, seremos os melhores.